Morre famoso ator da Globo que fez grandes novelas; amigos se despe…Ver mais

A Pressa de Viver: A Última Cena de um Gigante da Televisão
A morte de Roberto Frota pegou o público de surpresa e mergulhou o meio artístico em um luto profundo. Não se tratava apenas de mais uma despedida, mas da partida de um dos nomes mais versáteis e apaixonados da dramaturgia brasileira. Frota construiu uma carreira sólida, marcada por atuações memoráveis em novelas como Vale Tudo, Tieta e Mulheres Apaixonadas. Recentemente, ele continuava presente no horário nobre com papéis de destaque em Terra e Paixão, Amor Perfeito e Vai na Fé. Era como se o tempo jamais tivesse o alcançado — um ator que nunca parava, nunca descansava, e que parecia determinado a viver cada segundo como se fosse o último.
Essa urgência, aliás, foi notada e mencionada por um de seus amigos mais próximos, o também artista Edvard Vasconcellos. Em um depoimento que comoveu colegas e fãs, Edvard falou sobre a “pressa de viver” que Frota carregava no olhar. Ele parecia saber que o tempo era um inimigo silencioso, sempre à espreita. E, por isso, vivia como um furacão — intenso, imprevisível, apaixonado. Cada personagem era uma entrega total. Cada cena, uma confissão de alma. Frota não apenas atuava. Ele se doava por inteiro.
Atrás das câmeras, sua presença era igualmente marcante. Sempre generoso, conselheiro dos mais jovens, e dono de uma escuta rara nos bastidores da televisão, Frota era aquele tipo de colega que transformava qualquer set em lar. Sua risada alta, seu bom humor e sua inteligência afiada faziam dele mais que um ator. Ele era um pilar silencioso da cultura brasileira.
O Silêncio Após o Aplauso: Uma Ausência que Ecoa
Agora, resta o vazio. Um silêncio desconfortável se espalhou pelos corredores do teatro e pelos estúdios onde ele deixou sua marca. Os colegas de cena falam com pesar sobre a ausência de um mestre. Os diretores lembram de sua disciplina e talento inquestionáveis. O público, esse mesmo que o acompanhou por décadas, revê suas cenas com um misto de nostalgia e incredulidade. É difícil acreditar que Frota não voltará mais para o próximo papel. A próxima estreia. A próxima fala.
Sua trajetória foi marcada por escolhas ousadas e pela coragem de se reinventar, mesmo quando muitos já haviam se acomodado. Ele nunca se afastou da arte. Mesmo quando os holofotes não estavam voltados para ele, Frota estava lá — no teatro, nas oficinas, nos bastidores, formando novas gerações de atores com a mesma paixão que tinha no início da carreira.
Roberto Frota será lembrado não apenas pelos papéis que interpretou, mas pelas vidas que tocou fora da ficção. Seu legado vai além das novelas. Está na emoção que despertava, nas amizades que construiu, na força com que enfrentou os altos e baixos da profissão. Ele era um artista completo — e, acima de tudo, humano.
Que sua família encontre consolo em seu legado eterno. Que seus amigos encontrem conforto nas lembranças. E que o Brasil nunca esqueça do homem que viveu com pressa, amou com intensidade e nos ensinou que a arte, quando feita com verdade, jamais morre.