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Irmãos de 3 e 5 anos perdem a vida em acidente devastador: uma tragédia que expõe a imprudência no trânsito
O último domingo (21) ficará marcado para sempre na memória dos moradores de Rio Branco. Um acidente brutal, ocorrido na Estrada Transacreana, transformou em luto profundo aquilo que deveria ser apenas mais um dia comum em família. O silêncio que tomou conta da via após o impacto não foi apenas o reflexo da dor imediata, mas um aviso gritante: a imprudência, quando somada à fragilidade de uma criança, pode ser fatal.
O acidente envolveu duas crianças — Valentina Rebeca, de apenas 3 anos, e Arthur Miguel, de 5 — que perderam a vida de forma trágica e repentina. A notícia chocou não apenas a comunidade local, mas também despertou indignação em todo o estado, reacendendo discussões sobre segurança viária e os perigos de transportar crianças em motocicletas sem os cuidados exigidos pela lei.
A cena foi descrita como desesperadora. A família seguia pela estrada quando o pneu da motocicleta em que estavam estourou de repente. Em frações de segundos, o condutor, Juciclei da Silva do Carmo, de 25 anos, perdeu o controle do veículo, que se chocou violentamente contra um poste de energia elétrica.
Na garupa, estavam a companheira dele, Melry Wanda da Silva Carneiro, de 23 anos, e os dois filhos dela: Valentina e Arthur. O impacto foi devastador. Sem capacete, as crianças sofreram ferimentos gravíssimos e não resistiram. Antes mesmo que a equipe do Samu chegasse ao local, a vida delas havia sido interrompida.
Enquanto isso, os pais foram resgatados em estado crítico e levados ao Pronto-Socorro de Rio Branco, onde permanecem internados. Para os socorristas que atenderam a ocorrência, a ausência de equipamentos de proteção individual foi determinante para o desfecho trágico. As vidas que poderiam ter sido preservadas foram ceifadas em um instante de descuido.
O caso tornou-se rapidamente um retrato doloroso de uma realidade que insiste em se repetir: famílias inteiras arriscando-se em motocicletas, muitas vezes sem condições mínimas de segurança, transformando estradas em cenários de luto.
Quando a rotina vira imprudência: o alerta que não pode ser ignorado. A legislação brasileira é clara: crianças menores de 7 anos não podem ser transportadas em motocicletas. Já entre 7 e 10 anos, a prática só é permitida se a criança alcançar os pedais de apoio e estiver devidamente equipada com capacete apropriado. Mas, na prática, a lei é constantemente ignorada.
Não é raro encontrar famílias inteiras sobre duas rodas, sem capacetes, em estradas movimentadas e sem fiscalização efetiva. O hábito se torna cotidiano, até que a tragédia chega para expor as consequências. Foi o que aconteceu em Rio Branco.
Equipes do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) e da perícia técnica estiveram no local e confirmaram: embora o estouro do pneu tenha sido o gatilho, a falta de proteção foi o elemento que determinou a gravidade da ocorrência. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Flagrantes (Defla), enquanto os corpos das crianças foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML).
As autoridades locais admitem que campanhas educativas estão em andamento, mas reconhecem a dificuldade em mudar uma cultura de imprudência. A resistência da população em adotar medidas de segurança adequadas segue sendo um obstáculo para reduzir os índices de mortalidade infantil no trânsito, que colocam o Brasil em uma posição alarmante no cenário mundial.
Dor que se transforma em lição
A comunidade de Rio Branco está em choque. Amigos e familiares das vítimas se mobilizam para apoiar os pais, que lutam pela vida no hospital. As redes de solidariedade se formam, mas nenhuma palavra de conforto é suficiente para acalmar o vazio deixado pela partida precoce de Valentina e Arthur.
Mais do que números em uma estatística fria, eles agora representam o preço altíssimo da imprudência. O acidente na Estrada Transacreana não pode ser esquecido como mais uma tragédia do trânsito. Ele precisa servir de alerta definitivo de que transportar crianças em motocicletas é um risco desnecessário e mortal.
A pressa do cotidiano jamais pode custar a vida de inocentes. A prevenção, o respeito à lei e a responsabilidade dos adultos são as únicas armas eficazes contra perdas irreparáveis. O luto da família, agora, ecoa como um aviso coletivo: cada escolha no trânsito pode definir entre a vida e a morte.