Após operação no RJ que deixou mais de 130 m0rt0s, Lula é acusado de… Ler mais
 
					Rio de Janeiro em Guerra: O Grito de um Estado Abandonado
O som dos helicópteros sobrevoando os complexos da Penha e do Alemão ainda ecoava quando o governador Cláudio Castro rompeu o silêncio com uma acusação que caiu como uma bomba no cenário político nacional: “O Rio está sozinho.”
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A declaração, feita após uma das operações mais sangrentas da história recente do estado, não foi apenas um desabafo — foi um grito de alerta, um pedido de socorro que escancarou a distância entre o Palácio Guanabara e o Planalto. Mais de 130 mortos, dezenas de prisões e comunidades mergulhadas no medo. A operação, que pretendia enfraquecer facções criminosas, terminou reacendendo uma velha ferida: a do abandono e da desarticulação das forças de segurança no Brasil.
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Para Castro, a omissão federal tem um peso trágico. Ele afirma que desde janeiro o governo do Rio tem solicitado apoio logístico — especialmente o envio de blindados — sem sucesso. O pedido, segundo o governador, foi negado com base na resistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em autorizar o uso da GLO (Garantia da Lei e da Ordem), mecanismo que permitiria o emprego das Forças Armadas em missões de segurança interna.
“Estamos atuando sozinhos, sem o suporte necessário. O Rio não pode esperar”, declarou Castro, em tom de indignação, após o confronto que transformou ruas em campos de batalha e deixou famílias em luto.

A tensão entre os governos estadual e federal parece ter se tornado mais perigosa que o próprio tráfico. Enquanto policiais enfrentam criminosos armados com fuzis e granadas, o embate político se intensifica nos bastidores de Brasília.
A ministra Gleisi Hoffmann e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, reagiram às críticas afirmando que o governo federal tem, sim, colaborado. Eles citaram transferências de líderes de facções para presídios federais e o reforço de agentes da Polícia Federal nas investigações
O Silêncio da União e o Avanço do Crime
Lewandowski, após uma reunião emergencial com Castro, prometeu ampliar a cooperação — mas sem recorrer à GLO, considerada uma medida extrema e politicamente delicada.
A resposta não acalmou os ânimos. Pelo contrário: acentuou a sensação de isolamento e de que o Rio se tornou um território à margem do poder central. O resultado é um estado acuado entre a pressão das facções e o jogo político nacional.

Nos bastidores, aliados de Castro dizem que a negativa do governo Lula tem motivação ideológica — um reflexo da resistência em seguir estratégias de segurança associadas ao bolsonarismo. Para o Planalto, porém, a prioridade é evitar o retorno de operações militares de alto custo humano e moral, marcadas por denúncias de abusos em governos anteriores.
Entre o Medo e a Política: A Guerra Invisível Enquanto as autoridades trocam acusações, o verdadeiro campo de batalha é outro. Nos becos e vielas das comunidades, moradores vivem o terror diário de balas perdidas e operações que transformam a rotina em uma roleta russa.
“Não dá mais pra dormir. A gente escuta tiro toda noite”, desabafou uma moradora da Penha, que prefere não se identificar. Seu relato ecoa o sentimento de milhares de famílias que se tornaram reféns da violência e da ausência do Estado.
Especialistas alertam que o maior inimigo do Rio, hoje, é a politização da segurança pública. Quando decisões são pautadas por ideologias e disputas de poder, a vida perde valor — e o crime se fortalece.
A falta de diálogo entre Brasília e o governo fluminense alimenta a instabilidade e impede a criação de políticas integradas capazes de conter o avanço das facções.
O resultado é uma guerra silenciosa, travada não apenas nas favelas, mas também nos gabinetes: uma disputa por protagonismo que deixa o povo à deriva, cercado por medo, abandono e desconfiança.
 
			 
			 
			 
			 
			