Saúde masculina: 46% dos homens acima de 40 anos só vão ao médico quando sentem alg…Ver Mais
					Homens em Silêncio: Os Dados Alarmantes Sobre a Saúde Masculina no Brasil
Uma estatística que deveria chocar, mas ainda passa despercebida: 46% dos homens acima de 40 anos só procuram um médico quando já sentem sintomas. Quando dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), esse número sobe para 58%.
Os dados, revelados por uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), escancaram uma dura realidade — a negligência masculina com a própria saúde ainda é uma epidemia silenciosa.
O levantamento, que ouviu 1.500 homens acima de 40 anos em todas as regiões do país, mostrou algo ainda mais preocupante: apenas 32% dos entrevistados afirmam estar “muito preocupados” com a própria saúde, embora metade deles admita sentir medo ou ansiedade quando o assunto é o próprio corpo.O paradoxo é claro — há medo, mas falta ação.

Entre os problemas de saúde mais comuns relatados, o sedentarismo aparece em primeiro lugar (26%), seguido de pressão alta (24%) e obesidade (12%). Curiosamente, 35% dos homens disseram não ter nenhum problema de saúde, revelando um possível cenário de desconhecimento ou negação dos próprios riscos.
Nos homens com mais de 60 anos, o quadro muda um pouco: a hipertensão aparece em 40% das respostas, enquanto o sedentarismo cai para 18%. Esse grupo mais velho, paradoxalmente, é o que mais se cuida — 78% afirmam fazer exames de rotina a cada seis meses ou uma vez por ano. Já entre os de 40 a 44 anos, o descuido é maior: 49% só vão ao médico quando sentem algo errado.
E há outro dado que continua sendo um tabu: o exame de toque retal. Um em cada sete homens ainda o teme, especialmente os mais velhos e os residentes do Centro-Oeste, onde também se concentra o maior medo de câncer (64%) e de disfunção erétil (43%).
Não por acaso, o câncer de próstata é citado como o maior temor entre os entrevistados, com 58% das respostas, seguido pela impotência sexual (37%).
O Corpo que Cala: Tabus, Falta de Prevenção e o Risco Invisível da Desinformação
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. E a explicação vai muito além de genética: cultura, medo e orgulho são fatores que silenciam consultas, exames e diagnósticos precoces.
“Existe um tabu social e um entendimento de que procurar o médico é sinal de fraqueza”, explica a médica de família Brenda Costa, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
Segundo ela, muitos homens evitam o consultório porque associam a prevenção à vulnerabilidade. “Quando a gente não faz ações preventivas, a gente acaba vendo o que acontece hoje — a morte precoce dos homens”, reforça.
O estudo da SBU também trouxe à tona uma descoberta pouco discutida: a hiperplasia benigna da próstata (HBP) é a doença mais comum da glândula, mas só 43% dos homens sabem o que ela é.
Enquanto 75% conhecem o câncer de próstata e 59% já ouviram falar em prostatite, a HBP segue quase invisível, especialmente entre os mais jovens (39% de conhecimento entre os de 40 a 44 anos) e os moradores do Norte (33%).
A HBP ocorre quando a próstata — glândula localizada abaixo da bexiga — aumenta de tamanho devido ao crescimento celular excessivo. De acordo com o vice-presidente da SBU, Dr. Roni Fernandes, metade dos homens acima de 50 anos apresentará algum grau da doença.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- 
Vontade frequente de urinar,
 - 
Diminuição da força do jato urinário,
 - 
Dificuldade para iniciar a micção,
 - 
Sensação de urgência e até dores no trato urinário.
 
Fernandes alerta que o aumento da próstata pode comprimir a uretra, causando obstrução do fluxo urinário e, em casos mais graves, danos nos rins e infecções.
A SBU reforça que o maior desafio hoje é romper a visão limitada de que o homem só deve se preocupar com o câncer de próstata.
Doenças cardiovasculares, pulmonares e gastrointestinais, todas fortemente associadas ao sedentarismo, tabagismo e consumo de álcool, são igualmente perigosas — e, muitas vezes, silenciosas.
O diagnóstico precoce ainda é o maior escudo. Mas enquanto a cultura do “depois eu vejo” continuar dominando, o corpo continuará gritando o que o homem insiste em calar.