Jovem que m0rreu em tornado no PR mandou mensagem para o pai dizen…Ver mais
“A liberdade que chegou tarde demais”: a história que comoveu o Brasil
Era para ser apenas mais uma reportagem no Cidade Alerta. Mas, ao narrar o caso de Damaris Vitória da Rosa, o apresentador Reinaldo Gottino mal conseguiu conter a emoção. “Ela ficou presa injustamente por seis anos. Conseguiu provar a inocência, saiu da prisão… e morreu de câncer”, disse, com a voz embargada. O silêncio que se formou no estúdio foi o mesmo que invadiu milhares de lares brasileiros naquele instante.
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O nome de Damaris correu o país e passou a representar algo maior que uma tragédia individual. Tornou-se símbolo de um sistema prisional que castiga antes de julgar, e que tantas vezes nega humanidade aos que mais precisam. Aos 26 anos, ela teve a juventude arrancada por uma acusação sem provas e, quando finalmente recuperou a liberdade, já era tarde demais. Dois meses depois da absolvição, o câncer no colo do útero — descoberto quando ainda estava sob custódia do Estado — venceu a batalha.
Presente em todos os noticiários, a história de Damaris ecoou como um grito de alerta. Um lembrete cruel de que a Justiça pode absolver, mas jamais devolve o tempo que rouba.
Prisão, dor e descaso: a doença que o sistema ignorou
O pesadelo começou em 2019, no Rio Grande do Sul. Damaris foi presa preventivamente, acusada de envolvimento em um homicídio. O Ministério Público afirmava que ela teria ajudado a planejar o crime, mas sua defesa repetia, incansável: não havia uma única prova concreta. Mesmo assim, a jovem permaneceu atrás das grades, enquanto o processo se arrastava por anos.

Logo nos primeiros meses de prisão, Damaris começou a sentir dores intensas e sangramentos. Sua advogada, Rebeca Canabarro, conta que fez inúmeros pedidos para que ela fosse examinada por um especialista. “As solicitações eram negadas ou demoravam tanto que perdiam o sentido”, revelou em entrevista recente.
Enquanto os dias viravam meses, e os meses viravam anos, a saúde de Damaris se deteriorava silenciosamente. Relatórios médicos alertavam para algo grave, mas o sistema insistia em ignorar os sinais. A cada negativa, a esperança se desfazia um pouco mais.
Foi apenas em março de 2025, depois de uma nova bateria de exames, que a verdade veio à tona: câncer no colo do útero em estágio avançado. O diagnóstico chegou tarde — tarde demais.
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A Justiça concedeu prisão domiciliar, e Damaris passou a viver em Balneário Arroio do Silva, Santa Catarina, com uma tornozeleira eletrônica que parecia lembrar-lhe, a cada bip, que ainda não estava livre. Entre sessões de quimioterapia e radioterapia, ela sonhava em “recomeçar a vida, limpar o nome e voltar a estudar”. Mas o corpo já não tinha forças para acompanhar a alma.
Uma vitória que veio tarde demais
Em agosto de 2025, o júri popular finalmente reconheceu o que sempre fora evidente: Damaris era inocente. A absolvição foi unânime, e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul admitiu que “não havia provas suficientes” para mantê-la presa.
Mas o destino foi cruel. Apenas 74 dias depois, Damaris morreu em casa, cercada pela família — livre, mas partida.
A repercussão nacional foi imediata. Entre mensagens de revolta e comoção, uma frase se repetia nas redes sociais:
“Damaris venceu a Justiça, mas perdeu a vida por culpa dela.”
E assim, em meio ao silêncio que tomou o país, ficou o eco de uma pergunta sem resposta: quantas outras Damaris ainda precisarão morrer para que a Justiça aprenda a ser justa?