Papa Francisco Morre aos 88 Anos e Reacende Mistério: Por Que Nunca Voltou à Argentina?

O Primeiro Papa Latino-Americano Faleceu na Segunda-feira, 21 de Abril

O papa Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, faleceu na última segunda-feira (21), aos 88 anos, em sua residência oficial no Vaticano. Seu falecimento encerra um pontificado de 12 anos marcado por humildade, reformas e uma forte presença global — mas também reacende uma questão que sempre intrigou seus conterrâneos: por que ele nunca retornou à Argentina, seu país natal?

Uma Partida Silenciosa de Buenos Aires em 2013

Quando deixou Buenos Aires em 2013 para participar do conclave que escolheria o sucessor de Bento XVI, Bergoglio não imaginava que estava partindo definitivamente de sua terra. Aos 76 anos, acima da idade usual para renúncia de bispos, ele esperava uma aposentadoria tranquila, e não ser alçado ao papado.

Uma Eleição Inesperada e um Papado Longo

A eleição de Francisco surpreendeu o mundo — e a ele mesmo. Segundo o ativista Gustavo Vera, amigo próximo do pontífice, Francisco acreditava que seu pontificado seria breve. “Ele pensava que seriam quatro anos, por causa da idade ou porque talvez tivesse que abdicar devido a um derrame ou algo assim”, contou à BBC News Mundo.

Apesar da distância física, manteve contato com seu país por meio de cartas, mensagens e audiências com argentinos no Vaticano. “Seu coração sempre esteve na Argentina”, completou Vera.

A Ausência Que Virou Ferida Nacional

Com o passar dos anos, a ausência do papa na Argentina tornou-se cada vez mais evidente — e simbólica. Francisco visitou quase todos os países vizinhos: Brasil, Bolívia, Paraguai e Chile, além de outros destinos latino-americanos como México, Cuba, Peru e Equador. A Argentina, no entanto, nunca entrou em sua agenda oficial.

Em 2018, chegou a justificar a ausência alegando que muitas pessoas estavam de férias no período em que ele poderia visitar. A explicação não convenceu parte dos fiéis, que viam ali um afastamento deliberado.

Polarização Política Teria Sido um Obstáculo

Fontes próximas ao Vaticano e analistas sugerem que a profunda polarização política na Argentina pode ter sido um dos principais motivos para a decisão de Francisco. O papa, que sempre defendeu a justiça social e o diálogo, temia que uma visita fosse usada politicamente, em um país altamente dividido ideologicamente.