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Roberto Carlos: O Rei em Silêncio — Despedida e o Último Show
O sol ainda nem havia se imposto sobre o céu do Rio de Janeiro quando o país recebeu uma notícia que cortou o coração dos fãs: Carminha, fiel secretária e amiga inseparável de Roberto Carlos, faleceu aos 83 anos, vítima de causas naturais. Mas a comoção não parou por aí. Horas depois, uma segunda revelação trouxe um ar de melancolia e fim de ciclo: este ano marcará o último especial de fim de ano do Rei.

No Cemitério Jardim da Saudade, em clima de profunda emoção, Roberto Carlos, de 82 anos, compareceu à despedida da mulher que foi mais do que uma colaboradora — foi uma guardiã de sua rotina, uma ponte entre o artista e o mundo, uma presença constante nos bastidores de sua carreira. O cantor, visivelmente abatido, escolheu o silêncio como sua forma de homenagem.
Mesmo sob o calor intenso da tarde carioca, vestiu jaqueta e calça jeans, completando o visual com uma camisa branca e uma máscara de proteção facial. Seu semblante dizia o que as palavras não conseguiam traduzir. O olhar, perdido entre lembranças, parecia buscar nas flores do sepultamento algum consolo — talvez a última forma de agradecer a quem o acompanhou por quase quarenta anos.

Carminha não era apenas a secretária. Era a confidente, a mulher que sabia o tom exato da voz do cantor quando ele estava feliz, preocupado ou cansado. Sua ausência agora deixa não apenas um vazio logístico, mas emocional — o tipo de lacuna que nem o tempo, nem a fama, conseguem preencher.
A Guardiã do Rei: Entre o Cuidado e a Eternidade
Há mais de uma década, Carminha foi diagnosticada com Alzheimer, uma doença que lentamente apaga lembranças — mas nunca o afeto. Mesmo diante dessa dura realidade, Roberto Carlos fez questão de garantir que ela fosse cuidada com todo o conforto e carinho possíveis.
A mulher que tanto zelou por ele passou a viver em um apartamento cedido pelo próprio cantor, no mesmo edifício onde ele reside. Ali, sob a vigilância de enfermeiros e o carinho de pessoas próximas, Carminha foi amparada até o último instante.
O gesto do Rei emocionou o público e a equipe que o acompanha há anos. Em abril deste ano, quando Carminha completou mais um aniversário, o time de Roberto prestou uma homenagem tocante, celebrando a vida da mulher que, discretamente, se tornou parte essencial da história do ídolo.

Laura Braga, mãe de Roberto Carlos, costumava se referir a Carminha como “o anjo da guarda” do filho. E, de certa forma, foi isso mesmo que ela representou — um anjo discreto, presente nos bastidores, zelando pelo equilíbrio e pela paz de um artista cuja sensibilidade sempre foi sua marca registrada.
Com sua partida, o Rei parece ter sentido o peso simbólico de uma era chegando ao fim. E a notícia de que o especial de fim de ano da TV Globo será o último de sua carreira reforça esse sentimento de encerramento. Há um ar de despedida não apenas da amiga, mas de toda uma fase marcada por brilho, romantismo e lealdade.
Para muitos, a decisão de encerrar o ciclo é o reflexo de um homem cansado, que aprendeu a transformar a dor em silêncio. Para outros, é apenas mais uma demonstração da sabedoria de quem entende que até os reis precisam descansar.
Mas, no coração dos brasileiros, Roberto Carlos continua soberano. E, enquanto as flores de Carminha ainda repousam sobre a terra fresca do cemitério, o país inteiro parece ecoar um único pensamento:
o amor e a gratidão que uniram os dois jamais serão esquecidos — porque certas despedidas não terminam, apenas mudam de forma.