Metanol: polícia prende principal fornecedor de bebidas falsas, ele fazia a cerv…Ver mais

Bebidas Mortais: O Escândalo que Assustou Ribeirão Preto
Ribeirão Preto, conhecida por sua vida noturna vibrante e pelas tradicionais festas regadas a boa bebida, se tornou palco de um mistério perturbador. O que parecia ser apenas mais uma noite de diversão terminou em hospitalizações, desespero e uma investigação policial que revelou um esquema capaz de colocar em risco centenas de vidas.
Tudo começou com casos aparentemente isolados de intoxicação por metanol, uma substância altamente tóxica e letal quando ingerida. As autoridades logo perceberam que algo muito maior estava acontecendo. Em pouco tempo, as suspeitas recaíram sobre uma distribuidora localizada no bairro Júlio De Lollo — e o que os policiais encontraram lá deixaria qualquer um em choque.
Durante a operação, 37 garrafas foram apreendidas. Uísques e licores com cores diferentes das originais, tampas irregulares, líquidos com volumes reduzidos e, o mais alarmante, sem o selo fiscal obrigatório. Cada detalhe apontava para um mesmo destino: fraude.
O dono da distribuidora, ao ser interrogado, acabou confessando. Admitiu que vendia bebidas falsificadas, sem imaginar que o preço dessa escolha seria devastador — não apenas para seu futuro, mas também para as vítimas que confiaram nos produtos vendidos por ele.
Levado para a Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), o homem foi autuado em flagrante e encaminhado à Cadeia Pública de São Joaquim da Barra. O caso, agora, é tratado como um alerta máximo pelas autoridades, que temem que a contaminação por metanol possa se espalhar por outras regiões do estado.
O Veneno Invisível: O Que o Metanol Faz no Corpo Humano
Enquanto a polícia desvendava o esquema, os hospitais de Ribeirão Preto começavam a receber pacientes com sintomas aterrorizantes: fortes dores de cabeça, visão turva e perda de consciência.
No Hospital das Clínicas, dois casos chamaram a atenção dos médicos. Um paciente ainda permanece sob observação, enquanto outro, por sorte, conseguiu escapar do pior. Mas nem todos tiveram o mesmo destino — entre os 11 casos confirmados de intoxicação por metanol em São Paulo, há uma morte registrada e 91 suspeitas ainda em investigação.
Mas afinal, o que torna o metanol tão perigoso?
Essa substância é um líquido incolor e inflamável, usado normalmente em produtos industriais — jamais destinado ao consumo humano. Quando ingerido, o metanol se transforma em um inimigo silencioso. Ele destrói o fígado, ataca o sistema nervoso, afeta o cérebro e pode causar cegueira ou até a morte em poucas horas.
Seu cheiro e sabor, semelhantes aos do álcool comum, tornam a armadilha ainda mais cruel. Muitas vítimas sequer percebem que estão bebendo algo adulterado até que seja tarde demais.
Ciente da gravidade da situação, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto recebeu duas mil ampolas de etanol etílico absoluto, o antídoto usado para combater o envenenamento por metanol. Em paralelo, um laboratório da USP foi designado para realizar exames urgentes, com resultados em menos de uma hora — um tempo precioso que pode significar a diferença entre a vida e a morte.
A previsão é que pelo menos dez pacientes sejam encaminhados para essa unidade de referência, numa corrida contra o tempo para conter o avanço dessa tragédia química.
As autoridades reforçam o alerta: qualquer bebida suspeita deve ser descartada imediatamente, e denúncias anônimas são essenciais para rastrear novas fábricas clandestinas.
O caso de Ribeirão Preto serve como um aviso sombrio — uma lembrança de que, por trás de uma garrafa aparentemente inofensiva, pode estar escondido um veneno letal.